quarta-feira, abril 28, 2010

Carta aberta ao CNJ ou considerações de uma advogada que trocou, temporariamente, de lado


A Meta 2 do CNJ foi imposta sob a justificativa de assegurar o “direito constitucional a uma razoável duração do processo judicial” e prevê encerramento, em caráter definitivo, até o final do ano, todas as ações protocoladas dois anos antes da entrada no respectivo Tribunal.

Tribunais não podem ser administrados com a mesma lógica alicada à iniciativa privada. O custo da justiça célere é a perda da qualidade da atuação jurisdicional.

A vida dos jurisdicionados não pode ser extinta sem julgamento do mérito. Não dá para tratar um litígio - qualquer um - como mais uma peça na linha de produção fordista.

Bater recordes de produtividade NÃO é sinônimo de garantia de direitos. A grande maioria das varas judiciais não dispõe de estrutura física e de servidores em número suficiente para cumprir as exigências do CNJ.

Se o juízes tiverem de se dedicar exclusivamente ao julgamento dos processos da meta 2, serão obrigados a atrasar os despachos de mero expediente das ações ajuizadas há pouco tempo. A consequência é uma nova acumulação de trabalho a ser enfrentada no futuro.

Quanto à “Semana da conciliação”, ela não “ajuda as pessoas a obter justiça célere.” Na minha opinião, simplesmente força a diminuição do número de processos ativos, fazendo a vítima levar menos do que é justo e o culpado pagar menos do que deve, com o Judiciário se eximindo de decidir a questão.

A louvável tentativa de solução do problema estrutural da lentidão judicial, por sua vez, está sendo presidida peljavascript:void(0)o Ministro Luiz Fux, do STJ. O Ministro Fux é um dos campeões de produtividade, se levarmos em consideração as estatísticas do CNJ, além de estar sempre na mídia, refutando as críticas (algumas delas bem fundamentadas) a seu projeto para um novo CPC. COMO, então, ele consegue tempo para se dedicar à elaboração de uma nova legislação processual com a dedicação que a relevância do tema exige? MEDO.

Não nego que a iniciativa do CNJ de impor metas de produtividade seja necessária à administração da Justiça. Essas metas devem ser, contudo, exequíveis, para que não funcionem como uma camisa de força que provocará tensões e não acabará com o congestionamento do Judiciário.
50 anos de Brasília

Essa cidade conseguiu me causar mais estranheza do que Frankfurt, na Alemanha. Não tem esquinas, pontos de referência ou qualquer outra dica para orientação. Um edifício parece réplica do outro.

Tem Setor de Indústrias, Setor de Abastecimento, Setor Bancário, Setor de Habitações Individuais, Setor Bancário... Nas áreas comerciais ninguém mora, nas administrativas só se trabalha. Tudo é LONGE e carro, aqui, é gênero de primeira necessidade.

Os habitantes de Brasília se orgulham da arquitetura da cidade e endeusam o Niemeyer. Muita coisa é realmente interessante, admito; mas a maioria dos bairros residenciais são empoeirados, as ruas são meio encardidas e sem calçadas. Parece um pouco com a Av. Cupecê, em São Paulo (aquela que liga o Jardim Miriam à Divisa de Diadema).

Quanto ao resto... Os aborígenes daqui falam um dialeto meio esquisito, mistura de mineirês com carioquês e alguma coisa do Nordeste. Nas primeiras semanas o ouvido demora a conseguir entender o que as pessoas falam. Com o tempo, infelizmente fui entendendo o que eles diziam (talvez eu fosse mais feliz se tivesse permanecido na minha ignorância). O meu GRANDE medo, agora, é um dia acabar falando como eles.

Brasília não produz nada além de "serviços" públicos. A cidade não gera riquezas, somente as consome (e em grande escala). A coisa mais difícil do mundo é encontrar alguém que esteja na iniciativa privada. Todos vivem do imposto alheio e se ORGULHAM disso.

É a capital do Brasil, mas não tem nada a ver com ele. No 'país do futebol', a capital não tem um só time na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O único estádio deverá ser totalmente reconstruído para adaptação às exigências da Fifa para a Copa do Mundo de 2014. No 'país do Carnaval', a carnaval está na rotade fuga dos turistas em fevereiro. A capital do país das „belas praias ensolaradas“, fica sobre um planalto a mais ou menos 1,2 mil quilômetros do litoral. Isso não a impede, no entanto, de ser a cidade com a terceira maior frota de barcos de esporte no país, todos ancorados no Paranoá, um lago artificial de 42 quilômetros quadrados construído para atenuar o clima seco do cerrado.


O QUE FAZER COM BRASÍLIA?


1 – Alugar para cenário de filme B de ficção científica (“Mulheres Alienígenas Canibais Parte 6: A Lambeção”)
2– Trocar com o Sarkozy por dois teco-tecos e uma Carla Bruni.
3 – Encher de robôs falsos e dizer que o país foi tomado por máquinas inteligentes. Exigir intervenção da ONU e ficar morrendo de rir quando as tropas chegarem.
4 – Emprestar pro Ahmadinejad fazer teste nuclear (ninguém sai!)
5 – Obrigar o Oscar Niemeyer a viver lá. Num apartamento funcional. Na Super Quadra ZYKC7 4 15 23 42.
6 – Alugar para gravações de videoclipes da Lady Gaga.
7 – Desmontar e devolver tudo pra Lego.

segunda-feira, abril 19, 2010

COISAS PARA FAZER DURANTE AS CINCO HORAS DE PONTE-AÉREA BSB - CGH

1– Ter um ataque histérico quando o avião sobrevoar Campinas pela 15ª porque não há pista disponível em Congonhas: “Não! Está tudo acontecendo outra vez! Não!”
2 – Pedir que a aeromoça explique filosoficamente como 40 minutos podem virar duas horas e meia.
3 – Fazer uma escultura moderna com barras de cereais.
4 – Se ajoelhar no meio do corredor e perguntar para a aeromoça: “Diga-me, mulher ocidental decadente e infiel, pra que lado fica Meca?”
5– Gritar “Uma bomba! Achei uma bomba! Uma bomba de chocolate inteirinha! Não preciso comer essa merda de bolachinha light!”
6– Ter outro ataque histérico quando o avião sobrevoar Campinas pela 25ª vez porque não há pista disponível em Congonhas: “Dejà vu! Dejà vu!”
7 Olhar pela janela e depois perguntar pro vizinho de poltrona: “Ei, você também viu a fumaça preta esquisita escapando da turbina?”

terça-feira, abril 06, 2010

“Olha que gorda nojenta!”.

A questão da gordura é uma das poucas que fazem com que eu defenda o politicamente correto com unhas e dentes.

Piada sobre negros, gays, nordestinos, judeus etc. são há muito tempo praticamente proibidas. Por que então os gordos continuam sendo condescendentemente ridicularizados? Com eles ainda se pode ser cruel.

O máximo de elogio que um gordo consegue arrancar é: “Que pena, tem um rosto tão bonito...”. São preguiçosos. Se fizessem exercícios – e como ousam ser sedentários neste mundo tão saudável? Eles não tem vergonha na cara ou ato-estima. Se tivessem, fechariam a boca e seriam magros.

Ou seja, além de feios e asquerosos, tem também falhas de caráter.

O mais disfarçado dos preconceitos vem embalado pelo discurso da saúde. A obesidade está crescendo, é um fenômeno sério bla bla bla. Os gordos são os leprosos de hoje em dia.