segunda-feira, janeiro 24, 2005

O ato de ir para a cama com outra pessoa é uma forma de se entrar em conflito com as recordações e com os hábitos de todos aqueles com quem se dormiu. Nosso comportamento sexual personifica o processo mnemônico de nossa história amorosa. Um beijo é um modelo aperfeiçoado de beijos anteriores e nossas atitudes entre quatro paredes guardam vestígios de outras paredes que já nos abrigaram.

Como toda romântica revolucionária, desejava que o homem com quem hvia dormido decretasse o fim de seu passado sexual e fornecesse a resposta para sua existência.

Como ele reagiria a uma mulher que o amasse? Quais eram as coisas que considerava ridículas? Por quem nutria antipatia? Quais eram suas convicções políticas? Qual seria a sua reação ao choro de uma criança? A uma traição? A um sentimento de inferioridade?

Afinal de contas, devemos rotular de altruísmo o ato de amar sem esperar nada em troca? Até que ponto se pode considerar generosidade e desprendimento presentear pessoas sabidamente pouco interessadas em nossos presentes?

O que eu gostaria de ser: eu mesma, como as pessoas que amo gostariam que eu fosse.

sábado, janeiro 22, 2005

PERTO DEMAIS (Closer)

O que você imagina que irá acontecer quando você se apaixonar?
O que espera ganhar?
Você quer que a pessoa torne-se parte de você? Ou a companhia dela será suficiente?
E se um de vocês desistir ou mudar de opinião?
O que realmente leva à fidelidade?
Você estaria disposto a destruir a pessoa que você arrastou para a sua ilusão de felicidade apenas para tentar ver se é possível ser um pouquinho mais feliz com outra pessoa?
Contar a verdade é melhor do que mentir, mesmo que a verdade arrase vidas e corações para sempre?

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Eu espero
Acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento

É essa a sensação que preenche os meus dias. Algo muito animado está acontecendo em algum lugar, porém eu não fui convidada. Fico prestando atenção na festa do vizinho.

Em raros momentos de lucidez, compreendo que é tudo fruto da minha imaginação infectada por falsos sorrisos. As pessoas vangloriam-se de suas vitórias e calam suas angústias e aflições. Eu sei que a festa no outro apartamento nunca é tão animada assim.

Entre o ser e o dever-ser, contudo, há uma distância enorme. O que admiro e valorizo nos outros só faz ressaltar a minha própria insuficiência. A minha perda é indefinida e dói: sei que perdi algo, mas não sei o quê.

Fico ressentida por não participar da alegria alheia, mas ainda que me convidassem para a tal festa, eu não me divertiria. Seria mais fácil fazer como o resto do mundo faz, mas eu vibro em outra freqüência. Eu danço no silêncio e choro no carnaval. Passo os dias esperando por alguma coisa maior do que eu. Depois fico desesperada porque estou esperando há tempo demais, seria mais fácil ser simplesmente filha, irmã, advogada, brasileira, solteira, contribuinte e mais nada.
Minas Gerais: quem te conhece não volta mais.

Bem mais que o tempo que nós perdemos
Ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro, que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou dos versos que eu fiz
E ainda espero resposta

O amadurecimento de um homem é inversamente proporcional à quantidade de vezes em que as seguintes frases são utilizadas:

1 - Te ligo.
2 - Só um pouquinho (com a sua variante vulgar, “só a cabecinha.”)
3 - Ninguém vai ficar sabendo.
4 - Estou confuso.
5 - Não vai dar para sair hoje, minha avó está com febre (ou qualquer outra desculpa tão inteligente quanto essa).
6 - Vou terminar com a outra logo.
7 - Eu sou diferente dos outros.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Identificador de chamadas

Poucas atitudes revelam tanto desrespeito quanto desaparecer. Prometer e não cumprir. Deixar de comunicar, pessoalmente, que não vê mais vantagens na convivência é desonesto.

Não consigo encontrar abrigo e a minha melhor parceira transformou-se em campo inimigo.
Aprender a ser só - ou a só ser - é a única imunização possível.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

“Longe de mim o desejo de perverter as esperanças alheias: a vida se encarregará disso."

"A única função do amor é nos ajudar a suportar as tardes dominicais, cruéis e incomensuráveis, que nos ferem para o resto da semana - e para a eternidade".

Emile Cioran
Se a insegurança em relação ao trabalho é tanta, a ponto de não se sentir confortável em ficar ausente por um período tão curto, de apenas duas semanas, o melhor a fazer é procurar um outro emprego. Ou não?
O domínio do inglês não é mais obrigatório nos testes de admissão do Itamaraty. Lima Barreto já poderia mudar o título de sua obra-prima para "Alegre Fim de Policarpo Quaresma".